Um dia de chuva, vento e maré agitada em Salvador, Bahia, Brasil. 📷 sil partucci
Os vendavais realmente causam estragos.
Quedas de energia, galhos, se não árvores inteiras derrubadas, inundações e até mortes.
Dependendo da estrutura da cidade e de quão preparada ela seja, será o dano causado.
Estar preparado é, portanto, de vital importância.
Algumas cidades onde esse fenômeno é recorrente, investem, mobilizam recursos, investigam novas tecnologias, se estruturam para que em caso de catástrofes, o impacto seja o menor possível.
Aqueles que não estão preparados, mesmo sabendo que os vendavais ocorrem em seu território em determinado momento, ficam devastados.
Estar preparado não é ser defensivo, significa:
1. Estar ciente da situação e aceitar que esses vendavais podem existir naquele local e/ou tempo
2. Aprender sobre a natureza desses eventos para saber como abordá-los
3. Ter uma ideia clara e real do próprio território, da própria estrutura, com seus pontos fortes e fracos
4. Estudar e investir em mudanças e melhorias na estrutura
5. Descubrir e criar novos recursos e ferramentas
Quando os vendavais chegam, eles testam a estrutura e mostram o que funciona e o que não funciona.
Se quebram algo ou relatam algum tipo de falha na estrutura e proteção, nos fazem perceber quais mudanças e ajustes precisamos implementar para que o próximo vendaval nos encontre ainda mais fortes e possamos enfrentá-lo com sucesso.
Quando uma cidade é devastada por uma catástrofe, não só as estruturas materiais físicas são testadas, mas também as estruturas humanas de solidariedade e de contenção.
É uma verificação viva e direta da estrutura material e moral.
As cidades que não foram previsoras, não tiveram nenhum tipo de planejamento ou investiram em recursos e estrutura obviamente serão mais afetadas e certamente precisarão de muito mais tempo para se reerguer e seguir em frente.
Já as cidades que, com base na experiência, souberam claramente da existência dos tornados e seus efeitos, conheceram sua estrutura e investiram em mudanças e melhorias descobrindo e criando recursos, adquiriram ferramentas e aprenderam a utilizá-las, certamente serão menos afetadas e, portanto, levará menos tempo para que funcionem normalmente novamente.
Somos construções, como essas cidades.
Os que nos devastam podem ser literalmente vendavais ou os mais diversos conflitos e situações, alguns imprevisíveis e muitos que se repetem ou que já sabemos que existem.
Podemos ser dilacerados pelos problemas mais variados; podem ser tornados, ataques recorrentes de raiva de alguém próximo, o aparecimento de uma doença, problemas econômicos, etc etc, alguns dos quais não dependem de nós e nem temos como mudá-los.
Mas o que podemos fazer é mudar a forma como vamos enfrentá-los, assim como aquelas cidades que aceitam a existência dos vendavais, se reestruturam porque investem, aprendem, confiam, testam, corrigem e assim, levantam-se de novo e de novo e avançam.
Porque, inclusive podemos descobrir, no final, algo de valor nos temidos vendavais, nos dando dados importantes em tempo real sobre nossa estrutura.
E se investíssemos em conhecer mais sobre nós mesmos e sobre nosso meio ambiente, partíssemos para descobrir novos recursos e ferramentas, bem como reaprendermos a usar os existentes e assim pudéssemos, aceitando a realidade, enfrentar com uma boa estrutura, com entereza nossos vendavais pessoais e coletivos?
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